quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Negar à si mesmo

Deus falhou.
Em sua peregrinação pelos confins da crença humana ele caiu.
Deus está ultrapassado, velho e sem charme.
Ele não é mais aquele cara que pensávamos ser. Hoje, ele não passa de alguém que, simplesmente, não dá a mínima.
O onipotente, onipresente e onisciente Deus falha.
Nós insistimos em recriar este desgraçado todos os dias.
Agimos feito idiotas hipócritas e inconvenientes. Assim, Deus também é egoísta.
Ele é insensível, mau e estúpido. É o próprio diabo.
Uma entidade já criada pela fé de outra pessoa, e que possui em suas leis obsoletas a síntese de um comportamento zumbi.
Ele não nos pertence, pois há muito já nos abandonara.
Esquecam Deus. Ele morreu.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Por uma chance no céu

Há sempre uma nova chance para o pecador.
Aquele que comete erros na pretenção de parecer alguém melhor.
Na intenção de exorcisar seus fantasmas e mostrar ao mundo que não se trata de dependência.
A verdade é que nos perdemos.
Felizmente, Deus nos vê.
A minha crença é em algo superior, não como uma forma de escambo, mas apenas graças recebidas.
Se trata da autoavaliação e autocrítica, sobre o que nos tornaremos.
O divino é assim pra mim, um sinal sempre alerta que nos faz acordar nos momentos de tormenta, de onde provém a consciência do que somos realmente.
Senhores de nós mesmos e, em certas horas, só o bem pode nos salvar.
Um anjo em minha vida.
Com sua palavra de livre arbítrio me fez perceber que eu não poderia ignorar minha essência.
Não tenho essa tendência da autodestruição, é tudo falso.
Preservo as coisas que valorizo, e você resgatou meu valor.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Rápido, sem o intuito de ser muito preciso

Eu quero ter muitas faces, todas diferentes e que se contradigam.
Em algumas passagens, quero estar errado, e serei questionado.
Ser cobrado pela vida só mais tarde, e errar por enquanto, tão quanto eu possa.
Observar o mundo pintado com as mesmas cores que eu imaginava.
Desejo ser inconstante, ser de lua e mudar quando for preciso.
Sem a capacidade de prever o futuro, mas com a mínima possibilidade de prever minhas ações.
Um pouco de caráter só faz bem.
Muito de qualquer coisa é suicídio, próprio e coletivo.
Você não me conhece, não pense que me conhece.
Sou o homem errado.
Parecerei alguém contraditório, uma pessoa que só queira te ferrar.
Não espere uma reputação coerente, também estou perdido.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ato impensado, máscara adotada

Meninas que hoje querem mostrar para o mundo quão frias se tornaram.
De certo, algum trauma em um relacionamento mal sucedido, onde a entrega foi maior que a inocência.
Daí temos jovens frustradas tão cedo, desacreditadas de algo que seja verdadeiramente mais romântico.
Se antes buscavam na aparente decisão de um cara que lhes fizessem valer suas verdades, hoje apoiam-se no desapego.
Reduza-o à tequila, comprima-o na dança. É assim que algumas encaram.
Outras viram lésbicas. Outras tornam-se frígidas.
Algumas vadias revoltadas com as escolhas precoces de se crer num relacionamento maduro. Não é nada disso.
Já me disseram que a única diferença entre tais garotas e as profissionais do sexo é que à essas pagamos com antecedência. Isso está se tornando uma verdade incontestável, sad but true.
A mulher se perdeu. Confunde-se ser puta com ser independente.
Está errado, muito errado. Mudemos essa situação desconfortante.
Não precisas transparecer na dor de ser aquilo que não é a frustração por alguém que não vale esse esforço reflexivo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Efeito borboleta

Sim, eu estava errado.
Não quis fazê-la chorar. Suas cicatrizes foram abertas.
Novamente, injustamente.
Uma dor que se inicia, uma lágrima que cai.
Outra palavra que se perde. Erros que me tornam menos verdadeiro.
Me desculpe, eu menti.
Os pincéis não encontram as cores, o significado foge às palavras.
O sentido, distorcido, busca refúgio sob meu desespero.
Por onde andam as frases de redenção, o apoio fraterno?
Preciso buscar uma fuga. Deus, eu necessito de forças.
Me perdi, estou aquebrantado. Culpe à mim.
Se tudo que peço é seu perdão, me perdoe.
Eu morreria. Eu mataria.
Mil pecados fariam de mim um homem sem alma?
Alivie essa imensa carga que tenho levado.
Sem promessas. Sem propostas emotivas.
Me cure. Me salve.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Versos da piedade

Liberte minha juventude de sua opinião. Não quero ser salvo.
Moldar as almas ao seu redor, encaixá-las em suas pretensões.
Não sabes encarar as diferenças. Isso é algo que te incomoda.
Teu medo a torna alguém medíocre, demasiadamente hipócrita.
Não aprendeu ainda a lidar com esse tipo de situação, alguém que não caiba em seu propósito de perfeição.
Você está enganada.
Abra a cabeça, tente compreender as pessoas como um mosaico na Terra.
Se preza tanto por um mundo perfeito, comece por você.
A intolerância é a mãe das guerras, assim como o falso moralismo justifica a maioria delas.
Não queira ser mais uma que aponta o dedo e julga com extrema imprecisão.
Não queira ter seu teto de vidro abalroado por minha veia sádica.
Talvez sua pouca experiência de vida ainda lhe confira certa inflexibilidade.
De certo sua inocência alia-se à pureza romântica, e aí frutifica tantas impossibilidades morais.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ballerina

Já escrevi lindas palavras e formei belas frases
Muitas se perderam na imensidão do incerto, outras guardei na certeza dos sinônimos
Já traduzi em melodias sentimentos que vêm do coração
Refiz um milhão de imperfeitas tentativas, forçei na razão coisas que só a alma consegue diluir
Digeri versos, arrotei palavrões, erradiquei o comum e rimei os refrões
Na intensão proferida por minha livre associação, cometi erros
Na pretensão não intencionada, acertei na maioria das vezes

O chapéu que traz o charme é a manga que oculta a carta

Já disseram por aí que, para certas coisas na vida, já se nasce sabendo.
Mas nem todas as pessoas são boas observadoras - constantemente são enganadas por suas deficientes capacidades emocionais.
Nesses tempos tem se observado certa glória na auto afirmação à cerca da malandragem. Um convite à ridicularização da figura.
É uma via oposta - se de um lado temos a forçosa caricatura banalizada de um malandro fajuto, do outro podemos antever com certo ar opositor a resoluta imagem do malandro já formado no berço.
Não é questão puramente estética, refere-se à algo que poucas pessoas valorizam - a capacidade de análise profunda e crítica.
Não apenas olhar os tipos humanos, mas sim observá-los, analisá-los com a perfeição que só o detalhista consegue em um curto espaço temporal. Como se o tempo ocioso que os restasse tendesse ao infinito.
Tendo em vista uma sociedade tão superficial e dinânica, é normal que isso ocorra, afinal, não podemos perder mais tempo com essas tolices, vamos viver o hoje porque o amanhã só pertence a Deus.
É fácil enganar os olhos rasos. É fácil ser enganado por sorrisos largos.
Seja um bom intérprete e atuará como ator principal; na vida moderna os coadjuvantes são os preguiçosos.
Muitos caricatos convencem à si mesmos de que isso seja real. Algumas pessoas ao redor sabem que algo está errado, e que não seria tão cômico se fosse trágico.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Before your heart breaks

Estou preso em um labirinto.
Me sinto só. Minhas dúvidas fazem tudo parecer mais difícil.
Queria não procurar compreender, e só deixar acontecer. A vida parece muito complicada, para mim.
Levo comigo a proposta da dor noturna, da solidão constante. Mas também valorizo atitudes felizes.
Momentos assim, por vezes, transparecem certo ar de falsidade. Apenas uma obrigação na vida de cada um.
Não importa como venha, mas que faça valer o significado de viver.
Os encontros, os sorrisos embreagadamente espontâneos, e não o contrário - isso me assusta.
A fatalidade da tristeza entra em cena.
Mais uma parede em meu caminho, outra curiosidade proferida por dentro.
Cristão ou ateu, pouco importa, se você tem outro tipo de droga.
Sozinho, sem opções ou fuga. Bate o desespero. Tudo, tudo é idiota, sem sentido, sem brilho, sem charme.
A beleza é estéril e não se frutificam bons frutos.
Me alimento de possibilidades. Mas o que me assacia está um pouco além.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nirvana

Caminhando por entre suas pernas, lhe tomo pela horizontal
Transferindo minha euforia por tuas curvas, através dos dedos, deixando teu cheiro me embalar
Guio-me pelo seu calor, prossigo com desejo aparente, não hesito
Minhas intenções seguras, o diabo na minha carne
Segurá-la pelos cabelos, beijar a tua boca, chupar os teus seios com deleite
Aproximar-se mais, a união de nossas almas, com carinho, com firmeza
No movimento dos astros, meu corpo no teu, teu corpo no céu
Permitindo que teus gemidos me guiem, algo de mim dentro de você
Transparecendo o amor evidente, desmereçendo os enamorados ao nosso redor

Mude

Lhe falta um pouco de amor próprio, algo de que possa se orgulhar
Manter certa moral, ou alguma coerência naquilo que fazes
Estive longe só te observando, e aí percebi que não ages com natureza
És forçosamente rebelde, desesperadamente diferente
Seu riso frio apenas pinta em sua face o fino pó da hipocrisia
Já disse isso várias vezes, não serei repetitivo por mais tempo
Tome sua pouca força que resta, interiorize aquilo que você prega nas manhãs de domingo
Exteriorize seus medos, então terás evidenciado seus pecados e feiuras
Mas não se preocupe, se lhe falta algo de amor próprio, lhe sobra a auto crítica
E esta costuma ser mais eficiente em se tratando de mudanças