sábado, 14 de agosto de 2010

Do bem (sem olhar a quem)

O cosmos gira em espiral.
Beleza que é maior, ampla conexão.
Eterno processo contínuo.
Árduo processo.
Momentos - desejos, sonhos, e trabalho.
Amor em todos os movimentos.
Tudo vive.
Com energia para não apagar o brilho das estrelas, a motivação das pessoas, a atmosfera dos mundos, a harmonia dos sons e a riqueza das cores.
Hoje muito mais que ontem, e amanhã melhor que agora.
Amém.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sleep before you die

Uma noite densa para um sentimento profundo.
Um imenso ponto de interrogação tomou espaço em minha cabeça.
Como um arco-íris surgido após uma tempestade.
Dor no coração. Não deveria ser assim.
A autopreservação é também a antidestruição, própria e coletiva.
A segurança seria cliente fiel, se no lugar de desculpas houvesse policiamento.
Se no lugar de uma aparente inocente espontaneidade houvesse consciência, a certeza, certamente, seria minha amiga.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ao vencedor, as batatas (com cheddar)

Você percebe que está crescendo quando os pedidos de desculpas se tornam cada vez mais raros e difíceis. Digamos que até aqui, onde estou, não tenha sido uma longa jornada. Mas, com certeza, foi um caminho duro.
Eu vi muitos amigos chegarem, sempre recebidos por minha curiosidade. E os vi partir... todos eles partiram. Quem sabe um dia retornem, e então os receberei com o mesmo sorriso curioso.
Também senti muitos sentimentos parecidos com o amor. Todos eles eram apenas um esboço do que hoje desfruto. E sei que valorizar coisas assim, como um carinho e uma doce palavra do bem, dão todo sentido à vida.
Por mais que você erre, caro colega, saiba que amanhã isso pode ser consertado. A única coisa realmente irreversível é a morte.
O melhor da vida é a conquista, e se temos alguém do nosso lado para compartilharmos essas vitórias, com certeza as alegrias virão em dobro. A beleza sempre se multiplica ao ser dividida.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Interlocutor

Heitor, certa vez, entristecido com os favores que a vida lhe prestara até então, resolveu tomar consigo todas as dores acumuladas em seu coração. No compartimento secreto onde somente ele e a alma gêmea da vez compartilhavam, Heitor sabia que podia entregar a chave a um renomado especialista nas doenças do coração, seu amigo e psicólogo Dr. Phillip.
Naquela manhã fria, onde o sol se impunha como uma virgem nua, visivelmente tínhamos a entrega de uma alma receosa. Heitor, a cada minuto passado na sala de espera, vigorava em seus gestos a tendência suicida perfeita. Mas a divina graça, concedida pelo chamado de seu nome pela secretária Ofélia, relembrou que até os depressivos têm seu anjo da guarda.
Sentado lá, naquela poltrona nova com o confortante cheiro do couro, um homem entregue à sorte da competência de outro.
"Eu estava bastante errado em pensar que um relacionamento se tratava de entrega, de reciprocidade.
A vida tem me ensinado, e com um gosto bem amargo, que não é nada disso. Um relacionamento nada mais é que uma convenção.
É um simples acordo, e que isso esteja implícito, com fins meramente pessoais, e por vezes sociais. Não se trata de bem estar, de jeito nenhum. Creio que nunca em minha vida me senti tão incomodado por estar responsável pelo que a outra pessoa vai pensar.
É como uma via de duas mãos onde temos de estar em dia com nossas obrigações. Se por um lado precisamos entender a necessidade da outra pessoa, atendendo e correspondendo aos seus sentimentos, por outro precisamos nos desvenciliar um pouco dessa figura romântica.
Relacionamentos raramente têm a ver com amor. Na minha opinião, o amor nada mais é do que um consolo para pessoas fracas, que se apóiam nele e buscam ali uma fuga da realidade. O amor é uma droga. Relacionamentos dizem mais respeito ao seu interesse momentâneo, e possivelmente os planos que você constrói em cima de uma pessoa nada mais são do que sua declaração de insanidade."
Como em um flerte ao acaso, providenciado pela necessidade afetiva, Dr. Phillip e Heitor introduzem, cada qual ao seu modo, suas próprias idéias. Da mesma maneira que dados viciados são lançados em um jogo alto.
Seu diálogo encontrava abrigo quando os ecos de suas palavras refletiam suas mesmas incertezas. Em um silêncio profundo, intercalado por vazios ''prossiga'', Dr. Phillip esclarecia de uma maneira quase telepática os questionamentos, e a esta altura da vida, as quase certezas, de Heitor.
Instigando em espírito alheio, como um cão que vaga no campo vizinho, permitiu seu paciente concluir, de modo superficialmente unilateral
"Construir sonhos em cima de alguém é um atestado para a infelicidade. Podemos perceber, com o tempo, que se ater aos desejos do outro é negar a si mesmo. É assumir uma postura inferior, de submissão. E isso não é se entregar, é se render. Você espera em contrapartida receber o mesmo esforço, mas não é o que acontece - por isso é uma rendição, só há um lado nessa história.
É uma visão dura e realista, eu sei, mas essa é que é a verdade. Não tenho simpatia por atitudes infantis, irreais, ou seja lá o que for que isso tenha a ver com o amor. Mas é isso que me parece, uma atitude ultrapassada, impensada, infeliz. "