sábado, 12 de fevereiro de 2011

Amor proibido

Lembro-me quando éramos só nós dois. Rose e eu fugimos naquela noite fria e de chuva forte.
Nosso amor intenso conseguiu sobreviver até aqui, e até os santos nos reverenciaram.
Quando as águas do mar tingiram de cinza nossas almas, sobre a areia declaramos o nosso amor.
Seu pai, um respeitado advogado da cidade, já não era favorável. Sua mãe, dona de casa, só poderia concordar com ele e sua moralidade cristã.
No meio da noite, apenas com a tv ligada e você sobre meu peito, os lençóis se queimaram com a fúria da paixão.
Logo então, vítimas do acaso.
Você foi embora, e eu, apenas um simples empregado, passei a observá-la por de trás da janela.
Doce Rose, vivendo no pecado.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Morte Lenta

A primeira vez que ela colocou o copo com veneno sobre a mesa me assustei.
Mas bastaram alguns minutos e conversas desprovidas de fé para que eu percebesse que meu destino era mesmo
aquele triste fim.
Sádico é perceber que a vida nos ofereçeu tão pouco, frente à tantas possibilidades.
Você morreu quando os dissabores lhe vieram mais cedo.
Confesso que o milagre da exposição de almas não me envolveu tanto assim - preferi recolher minha identidade
na obscura camada dos vícios mal encarados.
Foi assim que ela me trouxe à vida.
É assim que me trará de volta...
O pesar da dúvida me faz crer na possibilidade do acaso.
Mas a certeza da ausência da esperança contém meus ímpetos românticos e trágicos.
Você irá depois de mim?
Tudo ao seu tempo.
A morte me sorri, nos beijamos e o copo se quebra.
Um corpo que afunda, um espírito que se eleva.