sábado, 31 de outubro de 2009

Uma ponte estreita

Quando olho para o passado, não a vejo mudar de idéia.
Quando idealizo as relações, a tenho constante.
Mas isso nada mais é do que uma mera especulação.
A realidade é outra, e mais parece ser fria.
Aqui minhas palavras errarão centenas de vezes.
Meu riso soará idiota.
Minhas não hesitações se mostrarão incertas.
E com toda certeza alimentarei minhas fantasias errôneas.
É o que sempre acontece a um coração pedinte.
Um mendigo cuja falta de amor lhe acoberta.
Você, certamente, se esquivará.

domingo, 25 de outubro de 2009

O amor nada mais é do que uma carta de amor

Quando me questiono por que amá-la, hesito em responder
Não por medo de errar, mas talvez por não saber expressar fielmente o sentimento
Não são as qualidades, nem mesmo o inverso - e aí você percebe que não eram defeitos, e sim características
E cada detalhe se traduz em pequenas razões para amá-la
Inerte razão que frutifica mais e mais motivos para querer-te amanha
Depois, seremos só nós dois, e eternamente pretendo que seja ao menos parecido com isso
Seja ao seu lado, ou então por perto
Navegarei sempre próximo, e não importa qual seja o motivo, manterei as luzes acesas
Deixarei a porta aberta, e a cama pronta
A você basta saber, eu te amo, e essa é a maneira mais simples de lhe demonstrar isso
Não sei se a mais sincera, ou se a menos pretenciosa
Certamente, a mais adequada a mim,
Algo que aproxime do abstrato o concreto, e que una o útil ao agradável

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sobre o mito da amizade

Qual o real objetivo de mitificarmos certas pessoas?
Algumas tratamos com tamanha naturalidade
Uma intimidade confortante perante o desconforto de outras situações
Outras podem significar algo a mais para nós, talvez
Parecem estar sempre um passo adiante, um pouco mais longe
A dificuldade em manter o diálogo espontâneo
A necessidade de não parecer forçosamente simpático
Isso não acontece com as outras com as quais temos fino trato
Mas as consideramos amigas da mesma forma
Algo mítico as torna especialmente diferentes

sábado, 17 de outubro de 2009

Silencio e anonimato

Se para alguns classicos barulho era musica, vivemos em uma orquestra regenciada pela ganancia.
O silencio e quase como uma obra prima, pintada por genios que fogem ao status quo psicossocial.
Busco o silencio, almejo-o em momentos unicos e belos. Sao impares persi.
Contrapondo-se a isto, tem-se a unica possibilidade que as grandes cidades nos importam: a capacidade de sermos anonimos, de sumirmos e fazermos parte do mesmo organismo cinzento e fetido. A corrida espacial agora refere-se ao contingente automotivo preso nas enfileiradas matrizes do anonimato e do ensurdecedor caos coletivo.
Silencio ou anonimato, qual voce prefere?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Horda Diária

Atos socialmente justificáveis, banalizados por natureza,
Não é incômodo, e às vezes, até, oportuno
Convenções sociais, porque não aderir?
Não faz sentido criticá-las, confundem-se em natureza e objeto
Apenas o descompromisso pessoal
As relações humanas seguem à contramão da globalização
Diante do encurtamento das distâncias tem-se o afastamento das pessoas
Enclausuradas por suas preocupações imediatas, sacrifica-se a sinceridade
A honestidade então toma partido na certeza de não se querer nada mais sério
E para isso elogiamos, cumprimentamos, aplaudimos e até sorrimos
Tudo pelo preço do certo anonimato que garantirão

sábado, 10 de outubro de 2009

Algo especial para quem mereça

Com você aprendi a sorrir
Um sorriso que, mesmo triste, não soava desesperado
E com você pude ir mais além
Muito além do sentimento de amizade, da compreensão comum sobre o que é o amor
Algo nobre, doce e puro abençoou nossas almas naqueles dias lindos
Houveram momentos difíceis, é verdade
Mas tantos outros, facilmente encarados, beijaram nossa face
E em todos eles a certeza de estar amando fizeram valer a pena
Cada segundo, cada batimento cardíaco, cada palavra dita sem medo de errar
E o sangue que corre em minhas veias, hoje, está um pouco envenenado
Ocupado por sua presença, que se tornou um bem comum, continua a correr
Triste, lento, desejando te esquecer
Apenas relutando entre o sim e o não, entre o ontem e o hoje
E o amanhã só a Deus pertence, não a nós
Estive longe uns dias
Pequei por excesso de preocupação e por falta de atenção: o crime fora pago pelas lágrimas da dor
Continuaria a ser herói de mim mesmo se mantivesse a relação duradoura
Mas talvez a falsidade nos corrompesse e aí já não restariam mais dúvidas sobre o ato fajuto
A estrada que trilhamos bifurcou-se em duas, e cada um seguiu o seu caminho
Quem sabe em um outro dia elas de novo se encontrarão
Ou então a ponte quebre e nos percamos para sempre