quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pela necessidade da compreensão

Paulo dizia que o mais importante era se sentir bem.
Mas ele mal sabia se o preço que tinha de ser pago deveria ser levado em conta.
Bem, a razão de José dizia que sim.
Mas Paulo era muito mais sentimento que razão, e desde muito cedo sempre foi assim.
Aprendeu levando na cara.
Paulo era sentimental, e José, racional.
Todos vão envelhecendo, mas a fera interna vez ou outra desperta.
Como uma navalha que corta seu rosto quando você está concentrado, algo de muito ruim apertou seu coração naquela noite.
Toda a razão de José fora posta defronte ao seu maior medo, a insegurança.
Sim, porque na certeza de suas afirmações subjetivas é que residia sua razão.
E quando esta, abalroada pela força máxima de um desgosto profundo, se encontrara frágil, eis que a esperança surge com Paulo.
Pois Paulo representava toda a capacidade humana de superar as frustrações apenas pelo desejo de viver algo melhor.
Sim, Paulo é a esperança perdida de José, que não exercitava nem um pouco sua flexibilidade emocional.
Foi então que José e Paulo entraram em um comunhão, quase que espiritual.
Se Paulo era o mais sentimental, José o criticava amparado por sua lógica infalível.
Se José era o exageradamente racional, Paulo também o acusava de ser demasiadamente insensível.
Sobre isso, não restaram dúvidas, trocaram experiências e selaram um novo acordo - algo bem parecido como quando os noivos firmam o matrimônio.
Dessa maneira, Paulo e José puderam apoiar-se um ao outro, não como um amigo ou outra coisa qualquer.
Aquela ligação era algo mais intenso. Na humildade de se assumirem humanos, se propuseram ao entendimento.

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