sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre a pequenez de nossas certezas

Medo, tenho medo
Qual homem não tem medo?
Ter medo não lhe torna menos homem
Pelo contrário, revela sua capacidade humana
Medo e insegurança, são irmãos atraídos pelo fracasso
Insegurança é talvez o sentimento mais desprezível que demonstramos
Já o medo é sublime, como uma inocente criança tímida
E que, por vezes, revela-se rebelde, egoísta e pretenciosa
Eu tenho medo de lhe perder
Medo de que minha insegurança abrace sua liberdade
Medo de que sua risada pertenca aos encantos de outro
Primavera das ilusões
Eu tenho medo de lhe perder
Mas que meu medo não fique evidenciado nos atos impensados
Nos fracassos mal explicados e devaneios arredios
Se num sorriso lhe presenteio à segurança
Em um abraço lhe ofereço conforto
Perceba em meu olhar a desconfiança, a obliquidade
Não a dissimulação, mas sim a simulação do não estou nem aqui
E que seja bem por aí, enquanto houver sol

terça-feira, 20 de abril de 2010

Fotos, Fatos, Fardos - O Furto da Felicidade

Onde nos perdemos?
Em que lugar no passado abandonamos a direção?
Ali, onde o sol já se fazia brilhante, hoje nada mais é do que o lugar onde as sombras predias descansam,
E se fazem cruéis
Saber quem fomos é importante exercício de fortalecimento pro que somos
E a espontaneidade de um sorriso?
De certa maneira, deixamos as rédeas serem entregues às mazelas do acaso

In natura

A união das almas é indissolúvel; a reunião das águas, absoluta.
Resplandescente é o sol, remanescentes são as previsões.
O ciclo se cala, e ainda se comunica; o sacro nos ouve, e também nos fala.
A natureza nada atura;
Na certeza que perdura, naturalmente, das almas, águas, sóis e previsões, ciclos e sacralidades.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Me ofereça o novo

Ó Deus, até quando sentirei este velho resmungar sob minha juventude
Perceber que o mesmo é seu fiel companheiro
A tendência ao dejávu perceptivo é a velhice
Ou seria a tendência a senelidade?
Ó Deus, se todos um dia vão morrer, se todos eles perecerão
Por que, Deus, eu deveria lhes oferecer outra saída?
Já faz muito tempo, quando éramos receptivos às novidades
Quando as flores eram parte de um jardim e não o contrário
Definir o todo pela individualidade e não a individualidade pelo todo
É isso, Deus, isso que é ser demasiadamente velho?
Velho demais é quem já não rejuvenesce, filho, quem nunca se enquadrou ao seu tempo
Não nascemos para observar, somos os filhos da ignorância e do lugar comum

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Incorpóreo

Sou só imagem, mas nem sequer imagem e ação
Sou só imagem, com um pouco mais de imaginação
Se sou só imagem, sou passível de correção
Controle de matiz, sintonia e sintomas
Serei imagem, tão quanto serás recepção
Receptividade, Reciprocidade
Serei imagem, sim, continuarei sendo
Até certo tempo em que a sintonia não encontre definição
E então, sendo jaz uma imagem, serei algo mais
Próprio de incompreensão, certo de inexatidão

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Retalhos de um quase amor

É engraçado, você veio à mim como quando um filho vem à mãe precisando de um pouco de atenção.
Certo alívio por ter certeza de encontrar ali uma palavra acolhedora e sentimentos verdadeiros.
Como alguém que busca nos ciúmes a premissa que justifique um amor distorcido.
Você veio à mim procurando impor-me dúvidas que aliviassem suas certezas e ofuscassem minha tranquilidade.
Presos ao tempo de um encontro casualmente planejado pela imprevisibilidade.
Apenas mais uma menina perdida, em busca da aprovação masculina.
Só elogios lhe trarão esse prazer que, infelizmente, não é exótico.
Internamente existem sonhos pincelados por sorrisos hollywoodianos.
Externamente, um desbotado vômito de cores sem vida.

Aprimore

A impressão de que nada acontece.
A certeza que a vida não caminha.
Certa dúvida que precede a mudança.
A impossibilidade de se planejar algo mais à frente.
Não consigo traduzir bem o ódio.
Nem posso digerir a incerteza.
Preciso encontrar meu nicho.
É necessário buscar minha natureza.
Boa época para exterminar as ervas daninhas.
Não mais apenas as evitar, eventualmente.
Olhar pra frente. Sempre à frente, num primeiro momento.
Vez ou outra espiar pelo retrovisor. Seguir indiferente.