Vá em frente, escolha os melhores frutos que encontrar e, no final, traga-os à mim. E, assim, deixou-me ir. O tempo não importava. O real valor da tarefa, incumbida à mim, estava em cumprir a lição. Fui.
Pelo caminho, encontrei frutos dos mais variados tipos, alguns cheios de vida, outros apodrecidos. Não preocupei-me sobre qual direção seguir, nem dei atenção ao movimento dos astros. Anoiteceu.
Lembro-me de ter dito à mim: a escuridão não existe, é apenas ausência de luz. Como um rio que não seca, somente lhe falta um pouco a mais de água. O desespero fez tudo isso parecer mentira. Corri, corri, abandonei as frutas, cai, machuquei-me. Corri ainda mais.
Ora, que desastre, onde estão os frutos, onde está a disposição? Revelar meu medo transformaria todo o desagradável fato ocorrido em um perturbador erro cometido. Fugi, pai, fugi. Um imenso animal com a ferocidade à mostra perseguiu-me, covardemente. A natureza nos impõe certas leis injustas, nem sempre o mais forte deveria ser o merecedor. O senhor vê? Tudo bem, volte lá amanhã, demonstre coragem e assuma sua indignação com Deus. Foi o que fiz.
Agora, preparada, levei uma lanterna. Pelo caminho, encontrei frutos dos mais variados tipos, alguns cheios de vida, outros apodrecidos. Ironicamente, deparei-me à frente com um lobo feroz. Não hesitei, atirei-lhe com toda força a lanterna, bem na cabeça. Ele correu, correu, cheio de dor e medo. Um dejavu produzido pelo instinto da sobrevivência. A cesta já estava cheia, então retornei à casa, quando ainda o sol se fazia brilhante. Papai ficou feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário