sábado, 20 de novembro de 2010

O nômade

Se for amor, que seja verdadeiro. Foram com essas palavras que tudo teve início. Me tomei envolvido calmamente, como um abraço traiçoeiro. Annie foi para mim o maior motivo para as melhores atitudes, ou o contrário.
Talvez pelo seu demasiado desapego e costumeira liberdade nossas discussões se tornaram constantes. No meio do caminho tinha uma pedra...
Mas nem mesmo o amor mais puro pode ser consensual, pois nada em se tratando de seres humanos é decisivo. Apenas a morte é fiel companheira.
Desde então, o único corpo que abracei foi o do meu violão. Annie foi embora vagarosamente pelo caminho que percorremos desde o início. Todas as flores descoloridas e cartas já queimadas pelo ódio de nossas desilusões. Esse não foi o norte que me abençoou em dias melhores.
Mas é certo que para toda fuga haverá duas ou três piores consequências. O que se tem da felicidade são breves momentos, identidades entrelaçadas e logo desfeitas.
Já faz um bom tempo que a sorte abandonou este lugar. Sou um pobre homem com uma pobre alma. O doce ardor do etílico repousa em minhas memórias diurnas, e a densidão dos sentimentos que não soube administrar cuidará de meus sonhos, em uma identidade noturna.

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